
Cinco pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas numa série de ataques com armas automáticas na segunda-feira (02) à noite em Viena, segundo um novo balanço das autoridades austríacas.
“Infelizmente, uma nova vítima morreu no hospital. Isso eleva o número total de mortos para dois homens e duas mulheres”, disse um porta-voz do ministério à agência de notícias AFP, somando-se ainda a morte de um dos terroristas.
O agressor morto pela polícia aera um jovem de 20 anos, com dupla nacionalidade austríaca e da Macedônia do Norte, que já tinha uma condenação anterior por terrorismo, anunciaram as autoridades.
O ataque terrorista, primeiro em Viena em 35 anos, começou com um tiroteio por volta das 20h00 (horário local) numa rua central onde fica a sinagoga principal de Viena, então fechada, e muito próxima de uma área de bares muito frequentada.
Os atacantes deslocaram-se depois pelo centro da cidade, disparando sobre quem ocupava as esplanadas. “Estávamos comendo e bebendo, quando ouvimos os tiros. No começo pensamos que fosse fogo de artifício, mas ouvimos mais de perto e as pessoas reagiram com pânico”, disse umas das testemunhas que estava na região quando o ataque começou.
Outra testemunha, o rabino Schlomo Hofmeister, disse à agência de notícias EFE que ouviu pelo menos uns “100 tiros” nos primeiros momentos do ataque. “Pelo menos um terrorista atirou em pessoas que estavam sentadas à frente de bares e restaurantes. As pessoas correram em pânico para dentro, mas o atacante seguiu-as e atirou lá dentro também”, descreveu.
Centenas de pessoas refugiaram-se em bares e restaurantes, muito lotados porque no dia seguinte (terça-feira, 03) começava um novo confinamento para supostamente prevenir a propagação da Covid-19, em novo surto na Europa.
Na Ópera de Viena, ou em salas de concerto como o Konzerthaus ou o Musikverein, muito perto da cena, milhares de pessoas permaneceram no interior durante horas, até saírem sob escolta policial. Numa troca de tiros com a polícia, um dos autores do ataque foi morto, enquanto um agente ficou gravemente ferido.
As autoridades montaram um enorme dispositivo de segurança para localizar terroristas que fugiram, com dezenas de agentes das forças especiais e especializadas em ações antiterroristas a participarem nos esforços de busca, que também inclui o controle das fronteiras. O Governo austríaco alertou que a situação de perigo ainda não passou, e pediu aos cidadãos para não saírem de casa, a não ser que seja estritamente necessário.
O último ataque em Viena ocorreu em 1985, quando o grupo palestino Abu Nidal matou três pessoas e feriu 39 no aeroporto da cidade.
A Alemanha já reforçou o controle na fronteira com a Áustria após os ataques em Viena, declarou a polícia alemã. A chanceler alemã, Angela Merkel, condenou o ataque em Viena, afirmando que “o terrorismo islâmico” é um “inimigo comum”.
Um dos autores do ataque era um “simpatizante” do Estado Islâmico (EI), anunciou na terça-feira o ministro do Interior austríaco. “É uma pessoa radicalizada que se sentia próxima do EI”, disse Karl Nehammer, em conferência de imprensa, referindo-se a um dos autores do tiroteio, que morreu na troca de tiros com a polícia, enquanto um agente ficou gravemente ferido. Pelo menos um segundo atacante fugiu.
A polícia, que fez buscas na casa onde vivia o atacante abatido pelas forças de segurança, não descarta a possibilidade de haver mais pessoas implicadas no crime. “Não podemos excluir que haja mais agressores”, apontou o responsável da Polícia de Viena, Gerhard Pürstl, durante a conferência de imprensa.
O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, condenou como “repugnante ataque terrorista” o ataque covarde. “Estou feliz que os nossos policiais tenham eliminado um dos autores. Nunca seremos intimidados pelo terrorismo e lutaremos contra esses ataques com todos os meios”, afirmou o governante, que classificou os atos de “ataques terroristas nojentos”.
“Jamais nos permitiremos ser intimidados pelo terrorismo e combateremos estes ataques com todos os nossos meios”, destacou através de uma mensagem publicada no Twitter. Segundo noticia a agência AFP, Kurz destacou ainda que o seu pensamento “está com as vítimas, os feridos e os seus entes queridos”.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, condenou os ataques na capital austríaca, classificando-os como “covardes”. A Europa “condena veementemente este ato covarde que viola a vida e nossos valores humanos”, escreveu no Twitter.
O presidente francês Emmanuel Macron também expressou solidariedade com a Áustria. “Depois da França, é uma nação amiga que foi atacada”, afirmou o chefe de Estado referindo-se ao ataque em Nice, que fez três mortos, e ao professor que foi decapitado por ter mostrado caricaturas de Maomé durante uma apresentação em sala de aula. “Esta é a nossa Europa. Os nossos inimigos devem saber com quem estão a lidar. Não vamos ceder em nada”.
Notícias “horríveis” e “perturbadoras” que surgem da Áustria, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão. Já o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, escreveu no Twitter que na Europa “não há espaço para o ódio e violência”.
O Governo português, através do ministério dos Negócios Estrangeiros também condenou o atentado em Viena, realçando que “a liberdade religiosa é um valor fundamental”.
“Portugal condena veementemente o atentado cometido em Viena junto de uma sinagoga. Exprimimos a nossa solidariedade para com as vítimas e suas famílias”, pode-se ler na mensagem divulgada no Twitter.
Fonte: Diário de Notícias/DN
Algumas das imagens dos tiroteios: